domingo, 1 de julho de 2012

O risco de conviver com a corrupção

 Por André Barbi

Todos os dias, e isso já faz alguns anos, surgem notícias sobre corrupção. Com ela envolvem-se desde ministros, deputados, senadores, vereadores, chefes do poder executivo, secretários, juízes, desembargadores, procuradores, servidores concursados, comissionados infiltrados, empresários, jornalistas, reitores, partidos políticos, sindicatos, até diretores de empresas públicas. Os fatos indicam a banalidade da corrupção! Chega-se ao ponto de alguns políticos vibrarem com a proliferação da corrupção, inclusive no judiciário, para, com isso, poder dizer: não somos só nós, eles também não são santos!
Em um tempo não muito distante, o cidadão brasileiro não sabia nada sobre corrupção e sobre como ela acontecia, mas acontecia! No entanto, o desconhecimento era um álibi. Hoje, sabe-se como, onde, quem está envolvido e quando a corrupção acontece. Não é possível admitir o descaso, o desafio é combatê-la! Identificar a quantidade de recursos públicos desviados, buscar a reposição e punir os responsáveis ativos e passivos.
A corrupção não punida causa dois problemas: um, a generalização; outro, a vulgarização da honestidade. Um ou outro contamina a república.
Ulysses Guimarães, no discurso da promulgação da atual Constituição, em 1988, afirmou: "a moral é o cerne da pátria, a corrupção é o cupim da república!" A corrupção não pode ser vista como um mero desvio de recursos dos cofres públicos para o bolso de alguém, pois se trata de subtração de cidadania. 
A questão não passa por investigar apenas quanto foi desviado de recursos, por exemplo, da merenda escolar, mas em entender como alguém, com a conivência de muitos, não se importa em causar danos irreparáveis à vida de crianças. E como outros, ao saber disso, não se indignam. Perder essa percepção significa desprezar a dignidade humana e diminuir-se como ser humano.
O combate à corrupção exige comprometimento, acompanhamento, cobrança pública e especialmente a compreensão de que a corrupção é ao mesmo tempo um problema de todos e de cada um, pois é na omissão dos bons que ela se instá-la. A corrupção ocupa o espaço deixado pela acomodação, pela inércia e pela individualização de valores. Se cidadão cuidar apenas de si, esquecendo-se de seu compromisso com a democracia, a república deixa de ser pública e se coloca à disposição dos maus. A omissão do cidadão produz a ocasião e a ocasião faz o ladrão! Esse é o risco!
Fonte: http://cidadaniaedemocracia.blogspot.com/

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